Wednesday, August 3, 2016

Quero-te em mim!
Primeiros os dedos, depois as mãos, em seguida os braços…
Quero vestir-te por dentro como uma segunda pele!
Quero sentir quando a dor te morde ou o prazer te preenche.
Quero-me inundada de ti! Quero nadar no teu suor.
Quero arrancar a pele e expôr a minha carne para que a cubras com a tua.
Quero ver-me pelos teus olhos a cru.
Quero que me rasgues a carne, que me invadas e me derrotes.
Quero que me tomes e que me prendas a ti; que entres e te percas em mim.
Quero que me ataques, que me sorvas, que me engulas! Que delires ébrio de mim!
Que te abandones, que te exorcizes, que te revolvas num espasmo e te desintegres no fim.

Tuesday, August 2, 2016

Tolhido a um canto, o guerreiro jaz, inerte, mortalmente ferido por palavras que não sabe ler.

Segredos

Sentir o teu nome, simplesmente um nome, a formar-se na garganta, passar pela língua, bater nos dentes e sair por entre os lábios num sussurro que arranha. Esse teu nome - segredo que eu fiz real - apenas um nome; querido, proibido, um desabafo quando dito em voz alta. Esse teu nome, só teu, tu que levas o mundo no braço; segredo meu, precioso, que levo enrolado na língua, língua que mordo para não o gritar aos passantes.
Quando o meu amor era pequenino,
brincava na rua e corria à chuva.
Não contava aniversários, nem era presente.
Não sabia ser grande, não queria saber.
Quando o meu amor era pequenino,
subia às árvores para poder pensar,
não sentia falta de um abraço
e quem o beijava era o sol.
Comia quando tinha fome,
dormia quando tinha sono,
queria ser pirata ou poeta ou pintor.
Quando o meu amor era pequenino,
contava os dias pelos dedos,
não ligava aos números no calendário,
não sabia que o mar não acaba no horizonte.
Quando o meu amor era pequenino,
ria das coisas em voz alta,
não tinha medo de ganhar, nem de perder,
não chorava com a música preferida.
Amanhecia de braços abertos,
ganhava o mundo com o sorriso,
todos os dias eram de verão.
Quando o meu amor era pequenino,
comia espinafres para ser forte,
não tinha frio de noite, nem em quem se aconchegar,
não sabia o que era a saudade.
Quando o meu amor era pequenino,
só tinha princípios sem fim à vista,
via-se crescer sem saber o que fazer,
já era grande e não sabia.